A juíza Tamara Gil Kemp, titular da 1ª Vara do Trabalho do Gama, entrou na sala e iniciou a audiência de conciliação, como de costume, perguntando às partes e aos advogados se havia alguma possibilidade de acordo. Situação comum nos tribunais, essa conversa aconteceu em uma janela do aplicativo de mensagens instantâneas WhatsApp. Foi a primeira vez no DF que o bate-papo resolveu uma pendenga judicial. Embora realizado informalmente e em esquema de teste, o diálogo ocorreu nos moldes das conversas praticadas em sala de audiência. No entanto, foi tudo online, sem que as pessoas sequer estivessem no mesmo lugar.
Assim começa a reportagem do Correio Braziliense que pode ser lida aqui.
E o que isso tem a ver com o perfil do advogado moderno?
Tem tudo a ver! Parece que os processos de aprendizagem dos nossos filhos não bastaram para perceber que o mundo está mudando muito rápido: crianças com 5 anos navegando pela internet, manipulando a TV perfeitamente via controle remoto, interagindo melhor que nós mesmos com os dispositivos de arrastar, soltar, tocar e “pinçar” numa tela de tablet ou celular.
Também não foi o suficiente para percebermos que o advogado moderno precisa descobrir uma nova forma de trabalhar os diversos softwares jurídicos como o excelente Advogar, cuja função é notificar o usuário sobre publicações jurídicas independente do estado ou tribuna.
Tampouco foram suficientes o surgimento de startups como o Uber que não possuem veículos, mas é um absoluto sucesso no mundo inteiro com o transporte de pessoas; o Alibaba, um dos varejistas mais valiosos do mercado, não conta com depósitos de mercadorias; a Amazon que até pouco tempo atrás não possuía loja física, embora seja uma empresa gigante no comércio; o Facebook é a maior mídia mundial, embora não produza conteúdo; o Airbnb, maior provedor global de hospedagem, não é dono de um único quarto de hotel. Dá pra perceber que o mundo mudou?
Representamos ou analisamos processos jurídicos de consumidores com e-commerces envolvidos, convivemos com conflitos jurídicos entre liberdade de expressão e direitos de personalidade envolvendo aplicativos como Secret, Lulu, entre outros. Agendamos reuniões com clientes e parceiros via hangout, sem enfrentar trânsito ou ponte aérea. Até a própria OAB alterou o código ética tornando-o mais claro em relação à internet e redes sociais.
Talvez a iniciativa da exmª Juíza Tamara venha chamar o advogado para a realidade…
“Cara”, a gente precisa conversar…
Se você, com todos esses exemplos ainda não entendeu o que queremos dizer, eu preciso ser mais claro!
Não há mais aquela estabilidade, não há mais garantia que, num futuro próximo, o exame da OAB proteja sua profissão contra a já enorme concorrência no mercado de advocacia. É preciso estudar além da lei. É preciso ser empreendedor, procurar uma aceleradora de empresas – sim, você tem uma empresa, acredite! – entender como funciona uma empresa de Marketing Jurídico, técnicas de captação de clientes na advocacia, estudar gestão de pessoas e de contas, saber como contratar um bom contador e fazer investimentos corretos.
Você está no meio de uma multidão e se não se reinventar vai parar numa mesa de um cursinho estudando para ser um analista jurídico, quando não um técnico em qualquer serviço público cuja vaga seus estudos alcancem primeiro. Não é triste para você? Para nós é!
Você enfrentou 5 anos de uma faculdade pesada, passou madrugadas tentando entender como interpretar o código de várias formas e quebrou a cabeça com doutrinas que, às vezes lhe pareciam tão contraditórias, mas convivem harmoniosamente. Então, meu caro, você só pode ter um talento e o país não precisa ter mais um talento desmotivado atrás de um balcão público, alías, nesse momento, é o que o Brasil menos precisa!
O que é advogado moderno?
Então, é necessário que eu te dê uma notícia que pode te desanimar: o conceito de advogado moderno hoje pode não sê-lo daqui a alguns meses! E isso não parece mais ter fim!
Encare os fatos: o Facebook anunciou nos EUA que já é possível enviar dinheiro por meio do seu aplicativo “Messenger” e os bancos não gostaram! A NETFLIX foi ameaçada de ser taxada pela Ancine com a reclamação das operadoras e empresas de tevê a cabo; as redes de hotéis também reclamam para seus governos que os donos de quartos e casas alugadas no Airbnb não são debitados de impostos; as gravadoras hoje resistem pouco ao streaming, mas já gastaram enormes quantias com decisões judiciais contra o formato MP3. E os clientes, que é quem coordena o mercado, estão cheios das imposições das velhas companhias (leia mais sobre o empoderamento do consumidor aqui)
Enquanto você tenta se proteger contra novos conhecimentos e atitudes empreendedoras, há sempre um colega seu escrevendo no blog e a um passo de tomar seu cliente ou o filho dele.
E agora quem você quer ser quando crescer? O advogado moderno simplesmente é aquele que se parece mais com o “Messenger”, Netflix, Airbnb e o MP3. Ao reclamar, relutar, postergar essas novas competências, o profissional encarna a velha guarda como uma operadora de TV, os bancos arcaicos, as gravadoras que perderam a guerra contra o streaming de músicas ou o juiz que, em pleno Dezembro de 2015, acaba de bloquear o Whatsapp sem saber que há inúmeras VPN´s para utilizar o serviço ou mesmo aplicativos alternativos do próprio Facebook. Essa decisão, além de impopular, tem falhas técnicas de todos os lados: jurídicas, porque provavelmente fere a neutralidade da rede, além do direito do consumidor; e tecnológicas, afinal esse tipo de bloqueio afeta muito pouco, tendo em vista inúmeras alternativas de aplicativos e conexões. Não acompanhamos o problema envolvido, mas é certo que não houve entendimento técnico de como
Como advogado moderno que somos, vamos bloquear o mundo ou desbloquear nossa visão míope a respeito das mudanças?
Se você não acredita em nada disso, pode estar pagando com sua carreira como o SMS pagou pela popularização do Whatsapp.
Grande abraço.
https://marketingjuridicodf.com.br
contato@marektingjuridicolegal.com.br
Rita Soares (61) 8223-6993
Sudamar Cerqueira
SILVIO VIEIRA DA SILVA says
acho que seria interessante a gente fazer uma parceria aqui em fortaleza-ce, tanto para o marketing da minha propria empresa de advocacia, como eu vejo uma otima oportunidade para oferecermos o marketing digital pessoal, para candidatos a vereador na nossa cidade e em outras, orientando sobre o conteúdo e até mesmo medidas de resposta ao publico alvo.
Luis Palhares says
Ok, considero o texto muito interessante, atual e “conectado” com a realidade atual e futura. Em suma, a mensagem é: o aparato tecnológico da atualidade e do futuro redefine (e continuará a redefinir) de forma abrupta as relações sócioespaciais. Não adianta remar contra a maré. Ok, também concordo. Mas o autor coloca:
“não há mais garantia que, num futuro próximo, o exame da OAB proteja sua profissão contra a já enorme concorrência no mercado de advocacia.”
O que questiono é: o aparato tecnológico transformará o ser humano num “bom contador” (citado no artigo), um “bom advogado”, um “bom engenheiro”, um “bom médico”, etc, etc?
SE (veja bem: SE) o aparato futuro permitir, ok… não será mais preciso “perder” horas de sono se dedicando e estudando os ofícios da profissão escolhida… PROVAVELMENTE por osmose ou outro processo, o aparato tecnológico do futuro irá transferir para o cérebro do ser humano (em questão de segundos talvez) o CONHECIMENTO para ser “um bom …”.
Mas o que vemos hoje? Milhares de advogados (e outros profissionais) plugados nos aparatos tecnológicos pedindo encarecidamente que enviem peças, petiçoes, etc sobre os mais diversos assuntos… Porquê? Porquê NÃO SABEM ESCREVER UM ARGUMENTO COM INÍCIO, MEIO E FIM… Porquê não “perderam” horas de sono em suas vidas VIVENDO E APRENDENDO… Porquê o aparato tecnológico da atualidade deixou der ser um acessório e passou a ser IMPRESCINDÍVEL na vida do indivíduo e que, ao invés de auxiliá-lo a “pensar”, pensa, decide e vive por ele…
janete says
muito bom o seu artigo